James McGaugh, especialista em memória |
O americano Robert Petrella tem uma memória fora do comum: ele é capaz de memorizar todos os números de telefone armazenados em telefones celulares e, ao olhar uma única fotografia de um lance de um jogo do seu time de coração, o Pittsburgh Steelers, é capaz de dizer a data da partida e a pontuação final.
Petrella tem uma síndrome raríssima, chamada Memória Autobiográfica Altamente Superior (HSAM, na sigla em inglês), na qual o paciente não se esquece de quase nada do que aconteceu com ele na vida.
Quem tem essa condição é capaz de se lembrar o que comeu no almoço hoje ou três anos atrás ou de recordar com detalhes as notícias que leu no jornal há décadas.
Mesmo se quiserem, essas pessoas não podem apagar memórias como o fim de um namoro ou as lembranças de um acidente.
PROGRAMA DE TV
A HSAM é tão difícil de ser identificada que até então apenas 20 pessoas no mundo --todas nos Estados Unidos-- haviam sido diagnosticadas com ela.
Mas um programa sobre a síndrome exibido pela rede de TV americana CBS, e visto por pelo menos 24 milhões de pessoas, ampliou o conhecimento sobre a HSAM.
Há apenas cinco anos essa condição começou a ser chamada de Memória Autobiográfica Altamente Superior, quando o especialista em memória James McGaugh publicou um artigo sobre seu estudo de seis anos de uma paciente com os sintomas.
"Provavelmente há pessoas com essa síndrome há séculos, mas suas bases nunca haviam sido investigadas cientificamente. É um quadro muito raro", afirmou McGaugh à BBC.
"A família nos dá fotos ou diários para que a gente tenha dados precisos e assim provar as informações das quais eles dizem se lembrar. É muito, muito difícil que um indivíduo que registre [dados como esse] além de um certo tempo, como um nível de detalhes tão específico", afirmou McGaugh.
Por isso, eles foram apelidados de "Googles humanos".
No entanto, nem todos os que possuem esse tipo de memória festejam sua condição.
É o caso de Jill Price, a paciente que procurou especialistas por não poder mais suportar seu constante exercício de se lembrar de tudo. Foi o caso dela que serviu de gatilho para os estudos.
"É incessante, incontrolável e imensamente cansativo. As lembranças vêm, simplesmente chegam na minha mente. Não posso controlá-las", escreveu Price em sua autobiografia "The Woman who Can't Forget ("A Mulher que não Consegue Esquecer", em tradução livre do inglês).
Em seu caso, a HSAM acabou complicando suas relações com as pessoas. Entre os pacientes de McGaugh não há nenhum casado ou com relações estáveis.
No entanto, o especialista afirma que casos de insatisfação como os de Price são a minoria.
"A maioria acredita que é um dom. Se questionados se prefeririam não ter a síndrome, eles dizem que não mudariam isso por nada."
O neurobiólogo McGaugh considera, no entanto, que a HSAM é uma condição preexistente, que se mantém ao longo do tempo e que ainda carece de explicações neurológicas.
Por ora, a recomendação aos portadores da síndrome é que não encarem sua condição como um grande peso e que não se exponham a circunstâncias traumáticas. Não são bons candidatos, por exemplo, para se alistarem no Exército ou seguir para a guerra. FONTE: BBC BRASIL
Petrella tem uma síndrome raríssima, chamada Memória Autobiográfica Altamente Superior (HSAM, na sigla em inglês), na qual o paciente não se esquece de quase nada do que aconteceu com ele na vida.
Quem tem essa condição é capaz de se lembrar o que comeu no almoço hoje ou três anos atrás ou de recordar com detalhes as notícias que leu no jornal há décadas.
Mesmo se quiserem, essas pessoas não podem apagar memórias como o fim de um namoro ou as lembranças de um acidente.
PROGRAMA DE TV
A HSAM é tão difícil de ser identificada que até então apenas 20 pessoas no mundo --todas nos Estados Unidos-- haviam sido diagnosticadas com ela.
Mas um programa sobre a síndrome exibido pela rede de TV americana CBS, e visto por pelo menos 24 milhões de pessoas, ampliou o conhecimento sobre a HSAM.
Há apenas cinco anos essa condição começou a ser chamada de Memória Autobiográfica Altamente Superior, quando o especialista em memória James McGaugh publicou um artigo sobre seu estudo de seis anos de uma paciente com os sintomas.
"Provavelmente há pessoas com essa síndrome há séculos, mas suas bases nunca haviam sido investigadas cientificamente. É um quadro muito raro", afirmou McGaugh à BBC.
"A família nos dá fotos ou diários para que a gente tenha dados precisos e assim provar as informações das quais eles dizem se lembrar. É muito, muito difícil que um indivíduo que registre [dados como esse] além de um certo tempo, como um nível de detalhes tão específico", afirmou McGaugh.
Por isso, eles foram apelidados de "Googles humanos".
No entanto, nem todos os que possuem esse tipo de memória festejam sua condição.
É o caso de Jill Price, a paciente que procurou especialistas por não poder mais suportar seu constante exercício de se lembrar de tudo. Foi o caso dela que serviu de gatilho para os estudos.
"É incessante, incontrolável e imensamente cansativo. As lembranças vêm, simplesmente chegam na minha mente. Não posso controlá-las", escreveu Price em sua autobiografia "The Woman who Can't Forget ("A Mulher que não Consegue Esquecer", em tradução livre do inglês).
Em seu caso, a HSAM acabou complicando suas relações com as pessoas. Entre os pacientes de McGaugh não há nenhum casado ou com relações estáveis.
No entanto, o especialista afirma que casos de insatisfação como os de Price são a minoria.
"A maioria acredita que é um dom. Se questionados se prefeririam não ter a síndrome, eles dizem que não mudariam isso por nada."
O neurobiólogo McGaugh considera, no entanto, que a HSAM é uma condição preexistente, que se mantém ao longo do tempo e que ainda carece de explicações neurológicas.
Por ora, a recomendação aos portadores da síndrome é que não encarem sua condição como um grande peso e que não se exponham a circunstâncias traumáticas. Não são bons candidatos, por exemplo, para se alistarem no Exército ou seguir para a guerra. FONTE: BBC BRASIL
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